A estreia tão aguardada pela fase de grupos não saiu como nenhum de nós torcedores gostaria. O Botafogo mostrou de forma muito clara o motivo de sair atrás na temporada 2024 em relação aos seus adversários. Faltou, ou melhor, faltava um treinador para comandar o nosso melhor elenco na década.
Não, esse não é um texto que vai culpar totalmente o técnico interino Fábio Mathias e muito menos é o meu intuito diminuir o trabalho realizado por ele desde a saída do Tiago Nunes. O auxiliar técnico fez uma transição quase perfeita, resgatou confiança e algumas das principais valias do Botafogo de 2023 pré-desastre. O problema é que para a Copa Libertadores, isso ainda é pouco.
Por mais que a qualidade técnica esteja do nosso lado no grupo da Libertadores, temos adversários cascudos e que mais do que nunca querem desbancar o domínio dos brasileiros. Nos últimos 5 anos foram 5 campeões brasileiros, e por isso, as equipes estrangeiras sabem que precisam subir o nível de alguma forma.
Se a qualidade técnica é abaixo, outros fatores precisam ser utilizados e isso fica muito claro na resposta de Carlos Bacca (centroavante do Junior) na entrevista pós-jogo. Quando perguntado sobre até onde a equipe colombiana pode ir na competição ele respondeu:
– “Temos que pensar jogo a jogo. Queremos seguir desfrutando partida a partida para que consigamos dar alegria aos nossos torcedores.”
O grande X da questão que foi o duelo entre Botafogo e Junior, está nessa fala. A ideia de ir jogo a jogo deixa claro o que muito de nós vimos: o plano de jogo único dos colombianos para ganhar a partida. A equipe de Arturo Reyes sabia o que precisava fazer e executou de forma perfeita.
A armadilha colombiana não era algo muito elaborado, mas não podemos tirar mérito do que fizeram. Durante toda a partida, o foco da equipe era fechar os lados do campo com 3 jogadores e com isso segurar Júnior Santos e qualquer outro ponta do Botafogo. Junior não tinha medo de entregar a faixa central do campo até porque a escalação alvinegra não apontava o jogo por ali.
Com os lados do campo completamente bloqueados, nada se criava por ali. Botafogo quase não conseguiu levar perigo com bola rolando e começou a fazer chuveirinhos para a área – nenhum deu certo – caindo certinho na armadilha colombiana. Com um time mais imprudente e impaciente, após sair na frente do placar, a tarefa ficava cada vez mais fácil para os jogadores do Junior.
Gregore não conseguiu patrulhar o meio de campo e muito menos gerar jogo por dentro. Marlon Freitas também não conseguia conduzir e Eduardo ficou na linha de Tiquinho. Era muito claro o que faltava ao Botafogo: gerar jogo por dentro com dribles e tabelinhas usando os pivôs. Fábio Mathias demorou demais para visualizar isso e a primeira jogada perigosa usando esse artifício saiu com Jeffinho nos acréscimos….
Em meio ao caos que foi a partida, um alento ao torcedor. Artur Jorge acompanhou tudo de perto e com certeza já fez um diagnóstico do que precisamos para reverter esse início ruim na competição. As próximas 3 rodadas são decisivas e o Botafogo não pode perder na altitude para a LDU e precisa fazer o dever de casa contra Universitario e a própria LDU, se quiser seguir vivo e com chances de conquistar a glória eterna.
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Esse foi o primeiro texto de análise pós-jogo aqui na minha coluna do FDMC. Obrigado a você que leu até aqui e já deixo avisado de antemão que os textos se tornarão rotina! Todo pós-jogo eu volto e durante a semana alguns pitacos também vão aparecer por aqui. Valeu pela leitura!