Foto: SENADO
O senador Carlos Portinho, integrante da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, revelou ter percebido um tratamento diferente por parte da mídia sobre o tema. Em entrevista ao canal “Setor Visitante”, Portinho afirmou que alguns setores da imprensa não querem admitir a possibilidade de manipulação no futebol brasileiro.
“Eu também sofri em programas ao vivo do SporTV e da ESPN, não foi só o John Textor”, disse Portinho. “Disseram que eu era ignorante, que não entendo nada de esporte, disseram ‘como assim, lógico que o VAR escolhe imagens’, depois do depoimento bombástico do (presidente da Comissão de Arbitragem Wilson Luiz) Seneme na CPI.”
Segundo Portinho, há evidências de manipulação no futebol brasileiro, citando 109 alertas da Sportradar, empresa contratada por casas de apostas, Fifa e CBF, somente no ano passado. Ele ressaltou que a Ferj possui um contrato mais completo, que inclui relatórios e análises de confrontações de apostas.
“Essa revolta, de forma psicológica, até compreendo, é o famoso explica mas não justifica”, disse Portinho, referindo-se à negação por parte de alguns. “Sabemos que naqueles que têm ligação direta com o campeonato o primeira sintoma é a negação.”
Portinho acredita que as denúncias de John Textor, acionista da SAF do Botafogo, merecem ser investigadas, apesar de não possuir provas cabais. Ele sugeriu que o Ministério Público, que possui ferramentas mais eficazes, possa avançar nas investigações.
“Acredito que nem John Textor, nem o STJD nem nós na CPI consigamos comprovar”, afirmou Portinho. “Mas o Ministério Público tem sido mais eficaz, embora ainda não tenha acordo de cooperação com a CBF, o que espanta.”
O senador alertou que punir Textor de forma exagerada pode desestimular outras denúncias. “Se matarmos o mensageiro, se Textor tomar pena absurda, de seis anos e R$ 2 milhões, nunca mais um presidente de clube vai denunciar nem seus próprios atletas”, concluiu.